quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Desalento

Sai à rua a procura de respostas para as perguntas já respondidas por mim.
Migro a Boa Viagem no Recife, sem ouvir, sem falar nada com ninguém
Caminhando na praia, um copo de vinho na mão, que desalento que me dá viver na solidão
A noite canta os meus ouvidos com o sussurro do mar, o brilho do céu, uma garoa a passar
O vento desata um dos botões, voa o meu vestido preto na escuridão
Que desalento que me dá pensar em solidão.
Sento na areia e acendo um cigarro, pego papel e caneta, nascem ali algumas de minhas crônicas que do lixo não passarão, o vinho já está por um fio, a noite começou.
Ouço Chico Buarque, eu ali tão ríspida a conversar com o vento, discutindo a melodia, brigando com as cordas do embalo musical, prestes a estourar de contrariedade ao silêncio da discussão.
Fatigada de tanto me arrastar de procurar a solução no mar, no céu, no álcool, em mim
Procurando a desculpa das imprecisões, dos meus devaneios, dos meus medos.
Desisto de perguntar, aonde vão as respostas?
Afogaram-se ao mar? Deixe-me então ir salvá-las, preciso um dia saber
Ouvir das mesmas as que já me disse em voz muda, telepaticamente possível, incoerente.
Meu nome é Desalento, estou de mudança, até breve.

2 comentários:

  1. Solidão, desalento, tritea, vontade de preencher um grande vazio.

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  2. Ai, Duda!
    Sou fão também da escritora, agora.
    é interessante o quanto a cada dia sinto nossas almas mais conectadas. Essa sensação se renova agora, nesse instante de leitura na madrugada, pois eu me vi no teu texto.
    Percebo que quando tendes a intercalar entre solidão e boêmia, busca interior e euforia externa acabas sempre encontrando o teu caminho...e essa é uma busca diária.
    Viva a Epifania! Viva aqueles que partilham seus sentimentos, seus momentos...
    Descrição instigadora.

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