quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Dezoito em Vinte e oito

Acordei na mesma cama de todos os dias, mas...
Comi uma comida melhor que as datas passadas
Abraços, beijos, presentes, felicidades!
Hoje é vinte e oito de janeiro, o meu dia.

A celebração da minha maioridade...
O melhor beijo que podia receber
O melhor abraço que anualmente ganho
Mãe, Amigos, Colegas, Namorada, Eu amo vocês!

[...]

Amanhã comer o velho sanduíche de queijo com presunto,
Dormir no velho colchão no beliche superior
Brigar com minha irmã, gritar e reclamar de tudo
Quem liga?! É tudo tão feliz assim mesmo.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Tiquetaquear vitalício

As horas seqüenciam-se tão depressa que passaram por mim assim tão despercebidas. Quando vi já estava aqui, diferente, irreversível, majoritária, moldada. Os cabelos crescem apressurados e mudam-se as formas, o contorno suavemente do rosto, as mãos não são as mesmas, as marcas agora cicatrizes, o peso, a voz, o jeito, as idéias. Tudo muda em prol de datas, anos, horas (...)

Fazer dezoito anos é sempar! Como também são ímpares dezenove, dezessete, dez. A única e seqüencial diferença são os rumos, que o tempo custou a levar por nós.
A redenção ao tempo é o clamar do desviver dia após dia imaturo. Há tempo para os frutos. Acordar um dia de manhã e recolher cada grão pelo chão é ressurgir. Saber lidar é testilhar o itinerário que recebemos.
Ah, os dias! Que decorrem através dos anos que se abatem sobre nós, jovens. Mulheres vaidosas batalhando contra a gravidade com o calendário. E eu aqui tão desgraciosa em dar importância a um simples detalhe do tiquetaquear dos meus ouvidos. Quis tanto achar a independência que nem sei mais se pretendo continuar essa busca, bruscamente como andava. Calma, há tempo... Há tempo de sobra dando sopa por aí. Mas cuidado, que se afastar tão depressa dele pode desmerecer-se do êxito. Paciência.
Sobreviver ao tempo é seguir ambos os pés numa linha reta e áspera, jamais como estúrdio, desacautelado. Apenas atilado, circunspecto, sengo, sisudo. Que o outro lado é breve e digno a todos.

sábado, 23 de janeiro de 2010

ACS-1974

E se eu sair e largar tudo por um passeio no seu carro, avulsa por aí desgovernada, só nós duas. Estrada a fora sem regras ou terceiros, nada que impeça a nossa fuga. Não precisa voltar atrás nem dizer que aceita ou vai, basta a porta aberta, que eu entro. Não bastariam palavras, frases ou frescuras, nada iria ser dito. Eu entro vestida e estampada às cores que te vier em mente, nem me importam quais sejam ou se não há nenhuma, mesmo sem, eu vou. Enrolar cada cacho do cabelo em meus dedos, círculos em minhas mãos, cheirando-a, guardando o odor para sempre na pele, mergulhar no abraço quente de uma mulher de trinta, no banco detrás seria o meu lugar. Deixar seguir reto ao volante só enquanto me despeço pela primeira e última vez, de quem nunca parou aqui em frente.
Juro ficar calada, não dar nenhum piu sobre o acontecido, então se quiser passar mais tarde aqui, é só tocar. Não há orgulho, nem ego que aflore. Mas, se eu passar da porta de outra moça e a porta do seu carro estiver fechada, eu fujo ainda assim, sozinha a caminhar por aí, talvez eu volte, mas não seria eu... Seria você fugindo de mim. Assim louca, assim insana, assim perdida, assim tão você. E voltaria, atrás de um carro pra pegar você, ali na esquina.
*Aos meus quase dezoito nem sei se vou ganhar ou perder-la assim tão breve, aos seus trinta e pouco já se sabe que ganhar é perder em conjunto, quão perder é um ganho individual.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Mas irresoluto não há!

Quando me lembro do ar quente que saía do corpo dela à queimar o meu... Quando minha mão seguia a silhueta daquele corpo pálido e suado... Ou quando os olhos se fechavam ao sentir a emigração do tato. Assemelho ao dilúvio que lá fora cresce, como aqui dentro encharca enfurecidamente.
Há uma dolência que mora em mim, e lembrar a trás de volta, mas e outra vez. A notoriedade até então posta por mim, talvez não tenha fundamento, ou tenha, e ao lembrar fecho os olhos mas uma vez, esqueço os erros. Por que então o martírio antes da hora? Se é que essa hora chegará. Deixe que essa tribulação se instale cá onde estou, conviverei bem com a mesma, assim espero. Já me conformo com duas pernas enroladas num lençol de seda, apenas duas, uma por cima da outra tramando uma algazarra individual fisicamente bem disposta. Uma quimera formulada para saciar-me em vão. Como se cada devaneio ali pudesse de alguma forma substituí-la. Como disse, em vão. Perder-me em diversas abstrações já se tornou comum, acho até que gosto. Vou deixar então partir a pusilaminidade que me toma em ira a qualquer linha torta que encontro no caminho. Farei um círculo na mesma com o dedo do pé, quem sabe um desenho, até a frouxidão amadurecer. Quem sabe eu a imite.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Paranóia

Nem sei mas se é loucura, paranóia, doença ou apenas ciúme. Ando tão possessiva às coisas que considero minhas. Desequilibrada seria o termo perfeito para descrever-me insegura.
É como uma bolhinha de sabão voando por aí, sempre temos a esperança de pega-la com as mãos, como se ela não fosse estourar.
Dói tudo, e o que nesse pacote mas incomoda é o medo de não ser mais quem eu sou. Não consigo fazer nada, nem escrever -que tanto gosto-, os poemas, os textos, não saem mas, acabou a minha inspiração. Estou de alma perturbada. E de repente me acalmo, vejo os danos e nem assim sei consertá-los, às vezes tento sem sucesso.
Eis o depoimento de uma louca temporária. Vivendo de amor e paranóia. Sem dormir, olhos vermelhos, corpo cansado, mas sempre ali! Um dia bom outro ruim, ultimamente sempre a brigar. Saiu à rua, e é imperceptível a minha angústia. Jamais seria descoberta, com exceção em momento de surto, meu ápice desesperador.
''O homem vive em constante descoberta'' -li isso em algum lugar- pois é, me descobri insana. Mais do que podia imaginar.
Agora a cabeça dói, detonei meu esmalte, não há mas unha nos dedos, o ventilador já foi quebrado, a mão machucada e quase o mas importante foi perdido: O respeito. Talvez tenha existido a falta dele em muitas das frases que bateram essa noite/madrugada/manhã, por isso eu me desculpo, pela imaginação que flutua recheada de erros e acertos. Não me desculpo pela loucura que vive de passagem em mim, mas por me deixar levar pela mesma.
* me pergunto se amo demais, e sempre me respondo que amo o suficiente, mas, desvairadamente.
* preciso dormir sem sonhar, sonhar não me faz bem.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Ira

É surpreendente o quão certas e pequenas coisas, atitudes, palavras ou mesmo gestos podem tornar-se uma arma a ponto de despertar a ira até então bem escondida, lá no fundo daquela gaveta. A paciência é uma virtude para poucos, felizardo é quem a conserva intacta nesse mundo cão. E o estresse é conseqüência da banalidade individual ou de terceiros [...]

Se uma parede se pusesse a frente dela, por amor a si, correria para longe onde aquela mão pesada e irada não pudesse alcançá-la. Se tivesse uma arma sobre a mesa da cozinha, ela sairia para caçar. Mas no fim, qual seria o resultado se não uma mão esfolada e um corpo no chão? Ficara então no quarto, asfixiando o pobre travesseiro nomeado.
Pra quê procurar culpados se é tudo um círculo. Vão e voltam os mesmos, as mesmas, basta.

* Foi como se estivesse na contramão, eu que sempre era o torto entortei quem me aprumou.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Íntimo

Há dois tipos de garotos por quem me apaixonaria:
Aquele que usa saia e maquiagem,
Ou aquele que escreve poesia.
(Um garoto como eu, Eduarda Ramos)
Mente aqui ao meu coração,
Que de todas as mentiras
A mais bonita é a que jamais será verdade.
(Uma verdade, Eduarda Ramos)

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida ...
(Eu, Florbela Espanca)


Pende em meu seio a haste branda e fina
E não posso entender como é que, enfim,
Essa tão rara flor abriu assim! ...
Milagre ... fantasia ... ou, talvez, sina ...
(A Flor do Sonho, Florbela Espanca)

sábado, 9 de janeiro de 2010

Sob-mim

Foi-se o tempo em que achei meus defeitos engraçados
Mas já sei onde nasceram alguns deles
Minha herança é mais que genética,
Começou pegando minha mão esquerda
Riscando meu primeiro a b c d

Foi-se o tempo em que meu pai era herói
O Espelho que era meu, e hoje não é mais
Brincávamos de aviãozinho na casa de vovó, e eu voei alto
Tão alto que não enxergo seu rosto,
Quem é, quem foi, quem será

Foi-se o tempo de rebeldia sem causa
Das loucuras em meio a tantas garrafas
Da fumaça que cuspia aos quinze
E comprimidos que faziam voar,
Como no aviãozinho, um pouco mais alucinógeno

Foi-se os medos;
De falar, fazer e ser.
Da porta do guarda-roupa aberta à noite
Do Fred estar debaixo da minha cama
Da minha boneca ser possuída e me matar dormindo

Foi-se a filha dos meus pais,
Que só recebe um abraço dia vinte e oito de janeiro,
Um sorriso quando a piada não é sua,
Dona da carapuça que engana os vizinhos
Em prol de não envergonhar ninguém,
Nem papai nem mamãe.

Foi-se enfim/ o tempo cair sobre mim/ em que não tinha voz
Agora ser / alguns palmos ao chão, seriam sete / sob mim

sábado, 2 de janeiro de 2010

De porre no mar

De longe parecia um Oasis a se refrescar. Algumas manchas embaçadas brancas no escuro pulavam ondas por superstições comuns nessas datas festivas. Mas eu quis adentrar por paz e desvario. Afoguei a cabeça na água salgada, o cabelo avulso boiava por lá, foi-se o dinheiro e o celular, os braços abertos abraçaram o mar. Sentindo todo o conforto que era a inexistência do mundo, mesmo que por um segundo, foram afogados os problemas do ano inteiro. A mente entorpecida quase perdendo os sentidos, sentindo a sonolência causada pelo álcool reinar. Quase adormecendo lembrei de retirar a cabeça da água e de respirar, enquanto duas ondas me atropelavam de surpresa, puff, mais um mergulho. Dessa vez forçado.
O mar é malvado. Por instantes não me deixou ficar ereta. Quem está atrás de mim? Alguém me empurrou!
Tropeçando no nada cambaleei até a areia ,vesti a roupa antes que o frio se abatesse à pele úmida ou morresse afogada. A vista não estava boa, vultos e embaço a frente. O vômito já se fazia dentro de mim, já sentia enjôo, e as lágrimas surpreendentemente também formavam-se.
Entretanto, a voz não falhava: Mais vinho, por favor! Feliz 2010!