quarta-feira, 14 de abril de 2010

Sem título

Só à noite tenho o privilegio do pensar
Nas arestas das paredes que me encosto;

Sinto pena dos menores que vagam dispersos, assim como eu
Dos amores que por dentre as flores murcham fácil, assim como nós
Das ressalvas que me implodem às pressas, assim como fui
Das mulheres que partiram enquanto eu as lia, assim como muitas

Vejo meus sapatos imundos correrem;
Por mato, lama, e chuva. Parados.

Só à noite tenho o desagrado de lembrar
Que meu coração não morreu, ainda bate...

Vívido e voraz cantarolando as curvas
Impressas do papel dobrado e reutilizado.
Folhas estas, já escritas no lixo em que joguei.

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