segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Espelho côncavo

Por baixo dos panos eu omito detalhes, panos sujos esses, suborno minha sombra corrupta como o reflexo que assisto ficar imundo através dum espelho côncavo, assim, amplia-se a visão, para seguir com as mentiras que saem como um vômito da boca, dos meus doces lábios para os demais, as mais belas mentiras que soam como as mais amargas verdades. É doce. Um doce que derrete sobre os outros, os pobres que seguem com fé a minha troça. Enxergo de longe o estereotipo que vesti um pouco apertado, eu sei, mais coube sob meus pés descalços, com calos, cansados. Meu doce é tão amargo. Posso até sentir o gosto voltar a boca outra vez. Sem cara feia, ele desce queimando na garganta que não é minha. Vá degustá-lo bem devagar para não perder o gosto jamais. Estou indo embora. É angustiante observar-me ao vidro intacto, limpo, transparente. É vergonhoso descobrir o que se é, quando na verdade não se sabe ao certo a qual desculpa recorrer primeiro, como defender-se do espelho côncavo. Cospe na minha cara quem sou. Obrigada pela sinceridade, às vezes não é tão ruim o quanto se pensa. Às vezes pode até ser aceitável, às vezes eu nem penso em morrer.

6 comentários:

  1. Ei querida!
    Fico feliz por ter feito boa prova.
    Fui bem na minha tb!
    Amanha começa a preparação pra segunda etapa!
    Gosto muito da sua maneira de escrever..
    Parece comigo ha alguns anos atras.. rsrs
    Um dia vou postar alguma cronica minha!
    bjs e sorte para nós!

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  2. Eduarda, vi a sua "contribuição poética" ao lado de Cecilia, Drummond e João Cabral de Melo Neto, e vejo que cada dia você escreve melhor. Parabéns!
    um abraço,
    Edvânea

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  3. Gostei da imagem do espelho côncavo utilizado no texto. Nunca havia lido algo assim. Geralmente usa-se o espelho plano, mas com o que você queria expressar realmente o esférico ficou muito bom.

    Parabéns!

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  4. Gostariad de saber em que vc estava pensando ao escrever esse texto...
    Saudades !!

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  5. FODA!

    p.s: também amei a ''contribuição poetica'' do outro texto.

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